Resenha: Cidades de Papel de John Green

Cidades de Papel

Título: Cidades de Papel
Autor(a): John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2013 (1ª edição)
Título original: Paper Towns
Páginas: 368 p.
ISBN: 978-85-8057-374-9

Olá pessoal!

Hoje tem resenha no blog e o livro é “Cidades de Papel” do autor best-seller, John Green. Confesso que apesar de todo o sucesso que os livros de Green tem ganhado, este foi o primeiro que li do autor. Tenho ouvido (e lido) vários comentários e debates sobre o livro: por um lado, muitos leitores adoraram o livro e afirmam ser um dos seus favoritos do autor; por outro, alguns ficaram decepcionados ou leram o livro, mas não conseguiram se envolver com o desenvolvimento do enredo/personagens.

Talvez um bom livro seja assim, provoca debates e discussões mesmo não agradando a todos, nos fazendo relembrar que uma história nunca é a mesma para todo mundo – e o livro de Green é um bom livro! Não posso dizer que adorei, porém gostei de ter lido, principalmente por ele nos provocar reflexões e não apenas nos contar uma história.

Cidades de Papel é um livro de romance inserido em uma história de mistério (o primeiro desse estilo para o autor). A obra conta a história de Quentin Jacobsen, um nerd nada popular, que gosta de rotina e o conforto do tédio, e sua paixão platônica pela sua vizinha e garota mais popular da escola Margo Roth Spiegelman. Margo e Quentin, “Q”, foram amigos de infância inseparáveis, ela sempre cheio de espírito de aventura e ele cauteloso. Certo dia, em um parque do bairro, quando tinham apenas 9 anos, os dois acabam encontrando o corpo de um homem morto e, então, a fascinação por mistérios passou a acompanhar ainda mais a vida de Margo, enquanto Q manteve-se indiferente ao ocorrido.
Depois desse episódio, a vida dos dois seguiu caminhos próprios. Ela cada vez mais linda, popular, aventurosa e ele cada vez mais longe dos holofotes da realeza social, não apenas por ser nerd, mas também por ele não fazer questão de ser o centro de atenções. Até que no dia cinco de maio – um mês antes da colação de grau do ensino médio – Margo invade o quarto de Q vestida de ninja e com a cara pintada, e convoca o garoto para uma missão de vingança contra o ex-namorado e duas amigas que a magoaram. Quentin, apesar de toda sua preocupação em ser preso, uma vez que o plano incluía invasão de propriedade particular e arrombamentos, acompanha a jornada de Margo que dura até o amanhecer.

Durante a execução do plano, os dois se reaproximam e Q acredita que a partir de então, tudo seria diferente no colégio e eles voltaram a ser amigos. Todavia, nada disso acontece, pois no dia seguinte Margo desaparece. Margo já tinha um histórico de fugas antes, mas ela sempre acabava voltando. Dessa vez, contudo, Q vai relembrando as conversas que teve com ela um dia antes de seu desaparecimento e teme que Margo tenha desejado se tornar um grande mistério com o mesmo fim que o homem que ambos encontraram no parque quando crianças. Começa então a busca por Margo, envolvendo Quentin, seus dois melhores amigos, Ben e Radar, e a melhor amiga de Margo, Lacey.

A busca vai se desenvolvendo por meio de pistas deixadas por Margo que Quentin acredita ser para ele, e somente ele, a encontrar – mesmo não sabendo se ela deseja que ele a encontre viva ou morta. A dúvida e a saudade da garota que ama tornam Quentin cada vez mais envolvido na busca por Margo e é nessa jornada que vamos descobrindo mais sobre a personalidade de cada personagem principal e secundário.

A forma como o autor desenvolve o mistério com as pistas deixadas para encontrar Margo é uma das partes mais envolventes e fascinantes do livro. A principal pista deixada pela Margo para Quentin é o poema, Canção de Mim Mesmo, de Walt Whitman (achei que o autor conseguiu desenvolver o enredo em cima desse poema de forma muito original e inteligente). Na verdade, esse poema é, também, toda a base de reflexão do livro, cuja mensagem principal, ao meu ver, envolve a forma como enxergamos o próximo, principalmente as pessoas que mais valorizamos.

Na busca por Margo, Quentin percebe que sempre esteve apaixonado por uma ideia de Margo que não existe. Ele se depara com o fato de que tudo que ele sempre achou que ela fosse é na verdade a representação daquilo que ele queria que ela fosse. Para encontrá-la, será necessário conhecer a verdadeira Margo por meio de pequenas pistas incertas e ambíguas – uma Margo que sempre viveu na solidão escondida por trás de uma felicidade inventada em seu meio social. Essa é uma jornada que Quentin percorre com seus amigos e por meio do qual ele acaba descobrindo quem ele e quem as pessoas que ele ama verdadeiramente são.

São várias outras reflexões profundas nesse sentido que o autor consegue abordar de forma leve, embora não superficial – como a necessidade de aceitar as pessoas como elas são e não desejar que elas fossem de forma diferente. Além disso, com o decorrer dos capítulos vemos que os personagens principais – principalmente Margo – é muito mais complexa e cheia de camadas do que incialmente pensamos. Além disso, é muito interessante ver como a personagem principal, na maior parte da obra, aparece, se desenvolve e é montada no enredo apenas por meio do pensamento e das ideias criadas pelos outros personagens.

Algumas coisas que me causaram certos incômodos foram o egoísmo de Q – que na verdade conseguia me irritar em alguns momentos – e as decisões muito radicais tomadas por Margo durante toda a obra, que, por vezes, dificultava o processo de identificação com a personagem.

Já o final do livro iniciou por um caminho não previsto; um caminho que surpreendentemente começava a me agradar, mas assim que ia me acostumando com o rumo da história, ela volta para um lado mais previsível e achei que o autor talvez poderia ter desenvolvido melhor esse processo. Contudo, o final do livro é deixado em aberto e, embora isso normalmente me deixa inquieta, achei que o fato de “não saber” caiu bem no enredo. Até porque, depois de conhecer os personagens a fundo só consegui imaginar um final para a história. Talvez, então, o final em aberto não ficou tão aberto para mim.

Enfim, há tantas outras coisas que eu gostaria de dizer sobre o livro porque o autor consegue realmente enchê-lo de detalhes e peças de quebra cabeças que se encaixam ao final, mas para isso acabaria produzindo vários spoilers. Vemos que o autor pesquisou muito para desenvolver essa obra e cada detalhe foi pensado minuciosamente. Como o próprio título “Cidades de Papel” que descobrimos ter mais de um significado para os personagens do livro. Além disso, pesquisando mais sobre o livro após termina-lo, descobri que o nome escolhido para a personagem principal foi cuidadosamente pensado: Margo, composta pela palavra “go” em inglês, representa a necessidade de fuga da personagem; Spiegelman, em alemão, significa uma pessoa que faz espelhos, e representa na obra (entre outas coisas) o fato de ser por meio de Margo, ou melhor, a busca por Margo, que os personagens vão descobrindo fatos sobre se mesmo; vão se refletindo na imagem que eles criam sobre ela.

Bom, como eu disse no início, não é um livro que adorei, mas é um livro bom e fico feliz por ter lido, principalmente pela mensagem que ele passa.

Ficaram curiosos? Leiam o livro também, vale a pena! Aproveitem para ler antes do filme ser lançado no dia 9 de julho!

xoxox
Moara

13 comentários em “Resenha: Cidades de Papel de John Green

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  1. Menina, eu li esse livro também e achei o livro “ok”, na média rsrs. Eu achei que o autor poderia ter desenvolvido mais a história toda o que na minha humilde opinião deixou tudo um pouco parado…enfim, já li 3 livros do john green e esse ficou bem na média. Beijos

    Curtido por 1 pessoa

    1. Chegou um panfleto pra mim hoje, dentro de um livro que comprei (Como eu era antes de você de Jojo Moyes) falando sobre esse livro, O segredo do meu marido. Até então não tinha ouvido falar, mas achei interessante. Vou colocar na minha lista de desejos rsrs.

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  2. Oie Moara =)

    Do John Green só lia A Culpa é das Estrelas e confesso que não me sinto muito animada em ler outros livros do autor. Não sei, mas tenho a sensação que um livro dele já me bastou rs…

    Quem sabe mais para frente eu me anime para ler esse ou outro livro dele.
    Ótima resenha!

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias…
    @mydearlibrary

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    1. Ei Ariane! Obrigada =)
      Sinto algo parecido com relação ao autor. Não sei, ele ainda não conseguiu me cativar da forma como vem cativando milhões de fãs pelo mundo. Quem sabe em um próximo livro, ne?
      Beijoos!

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  3. Eu não tenho tanta curiosidade em ler o livro, apesar de ter adorado outro livro que li do autor. Mas quero muito ver o filme, que parece ótimo. Adorei os trailers, acho que vou gostar mais que o próprio livro.

    Beijos

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    1. Foi o primeiro livro que li dele e acho que vai demorar um pouco até eu ter vontade de ler outro do autor, mesmo assim, quero ver o filme também! Não estou tão animada como costumo estar depois de ler um livro e saber que o filme do livro vai sair, mas quero ver rsrs! Se conseguir assistir o filme, depois me fale o que achou ;]
      Beijos

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